segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Riso de Utopia

happy-drunk-man

No levantar da semana, vejo armações homéricas,
De Homes [e mulheres] mal amados.
Logo, bastante mal humorados.

Sorrisos, não há.
Utopias, calam-se.
A barulhenta cidade acorda.

O mundo,
Segue sem sorriso,
Sem resquícios do samba cantado na noite anterior.

Nem o requebrar da garota de sorriso carismático
Afasta a dor da preguiça semanal.

Mas no fundo da reportagem matinal,
Quietinho em seu canto,
Ergue-se calado um senhor.

Uma garrafa enrolada num saco de pão,
Dá um gole generoso,
Abre o sorriso e segue...

Passos vacilantes,
Sorriso sincero no olhar,
Ignorou, por total, a barulhenta cidade.

Mendigo bêbado,
Dirão alguns do alto de seu mau humor semanal,
Ele prosseguirá, pestanejando seus passos.

Os mais atentos verão,
Que naquele sorriso [bêbado]
Tem algo mais.

A utopia, não morreu.
A cadência do samba, ainda toca.

No fundo,
Nós que escondemos a beleza do sorriso quimérico.

Que embriagado, ri-se, sozinho [em nosso íntimo]
Até que venha novamente,
Mais um fim de semana.

São Luís – MA, 27 de agosto de 2012.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pacto de Mediocridade

 

maquillaje congelado1


E a poesia do dia, não deu outra,
Fala de hipocrisia.

Então fica decretado,
Assinarei em letras rubras [como o sangue]
Um Pacto de Mediocridade.

Sim, serei medíocre,
Exímio fingidor,
Não é assim que tem que ser o poeta?

Pois assim será!
Abraços, risos, acenos...
Serão todos intencionais.

Nada de mim deixarei passar,
Sem uma pitada aleivosia.

Assim porei fim a qualquer rancor
Decorrente da sinceridade de meus atos,
Pois serei de todo medíocre.

E perguntarão certamente:
E o fulgor? Teu sangue pulsante?
Como há de os controlar?

Digo-te em resposta,
A saída é puramente científica.
Introjetarei na veia, nitrogênio líquido.

Dessa maneira, o sangue, [outrora fervente]
Congelará.
O coração [outrora pulsante],
Não mais baterá.

E aquele corpo,
Antes quente, lascivo, [e sincero]
Tornar-se-á gélido, abaixo de zero.

E com isso, a ideia de fingir,
Risos, beijos, carinhos... [e tantas cousas mais]
Não mais me incomodará.

Desta forma, inexistirá dor silente,
Neste álgido coração.

Serei um hipócrita a mentir,
Não sentir o ardor da paixão!

São Luís – MA, 09 de agosto de 2012.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

DEVANEIOS


bloggerPlus

Sentado à beira de uma falésia,
A lua brilha esplendorosa a me fazer companhia,
Os seres noturnos fazem suas músicas.

 
Permaneço em minha devoção,
Mergulho noite adentro,
Respiro fundo...

 
Fecho meus olhos,
Sinto o vento carinhar minha pele,
Dissipando aos poucos as angustias do dia.

 
Percebo,
Mesmo que rapidamente,
A leveza do ar.


E me atiro
Deste penhasco…


Sinto a intensidade de sensações aumentarem.

Mergulho,
Vou ao fundo do mar,
A única luz é a do luar.


A água que me abraça,
Revigora minhas forças.


Reabro os olhos lentamente,
Nado até a praia,

E caminho...
 

Até perder-se no horizonte
Apenas a lua a iluminar meu caminho.


São Luís (MA), 02 de agosto de 2012.