Dormirei de olhos abertos,
Ouvidos? Sempre atentos!
Pois a hora nunca se sabe.
[Ou sabe.]
É chegado o momento,
É hora da despedida.
Já não terei terras sob meus pés,
Pois serão retiradas à força.
Meu teto eles carregarão,
Só penso: “essa é a hora da peste prevista”.
Por isso não dormiremos,
Nem nos calaremos.
Manteremos o brado,
Como única força que temos,
Resistência!
[É a única prece que resta.]
Mas sei que a peste virá blindada,
Armada [e Mal Amada],
Cheia ódio a dispensar.
Carinho? Respeito?
Educação? Não haverá nada.
Será a mais horrenda truculência,
Para o desenvolvimento chegar.
[É o que o Estado nos oferta]
E amanhã, quando erigirem aqui seu palácio,
Terão nossas almas lhes deixando inquietos,
Os risos serão falsos, e os corações corroídos.
Sentar-se-ão em confortáveis poltronas,
Mas saberão,aqui teve sangue de mártir.
E o fétido odor do sangue putrefado incomodará.
Para quem sabe – um dia –,
Possa este Estado-Alegoria,
Aprender seu Povo Respeitar.
São Luís – MA, 19 de dezembro de 2012.