Vivemos mais um ano de eleição, os velhos e glorificados ideais de Democracia se renovam, mais uma vez, “Zé Povinho” se enche de esperança ludibriado pela crença na capacidade transformadora da política (sim, aquela com “p” minúsculo, pois Política é um conceito bem mais amplo não se restringindo unicamente ao voto); Exercemos, esperançosamente, nossa “cidadania” (outro conceito que foi defasado ao longo dos tempos, restringindo-se ao exercício do voto) buscando, através do voto, transformar a realidade. É a surrada história de Democracia, onde elegemos os nossos representantes, não obstante todo debate acerca da Democracia, emerge a hesitação, ao interesse de quem respondem tais representantes?
A palavra Democracia logo nos trás à mente o conceito mais usado: DEMO = POVO + CRACIA = GOVERNO, apesar da utópica realidade a qual nos remete a palavra, não hesitamos em crer na sustentabilidade do modelo
Vivi boa parte da vida numa cidade interiorana
É tudo muito belo, os candidatos abraçando todos, visitando casa a casa, em outros termos, “colocando a sociedade no colo”, entretanto, me entristece, e me faz, por vezes desacreditar neste modelo, quando percebemos, no ano subseqüente (deixem-me aproveitar o trema “ü” que ele vai sumir com a reforma lingüística) uma realidade totalmente distinta, onde “Zé Povinho” é totalmente esquecido e os representantes, representam muito bem, os seus próprios interesses, e nunca os interesses da sociedade.
Percebe-se, então, que o ideal Democrático, acima mencionado, é totalmente esquecido, até o terceiro ano, pois no terceiro ano é o ano de efetuar algum projeto a fim de tentar mais uma vez a reeleição... E a política vai seguindo desta forma, vota-se sempre a favor de interesses próprios nenhum artifício é criado para regular a atividade dos tais representantes, e ano a ano, “Zé Povinho” vai ficando cada vez mais excluído, pois a representação é feita sempre em nome de uma minoria, a maioria excluída dos interesses vai sendo anualmente assassinada de fome, ignorância, em sua saúde, derrotada diuturnamente pelos detentores do poder. E jogado ao chão de uma praça suja, “Zé Povinho”, já sem forças para lutar, adormece, sem o abraço ou aperto de mão daquele que outrora dissera ser seu amigo, e prometera lutar para mudar a realidade...
Barra do Corda – MA, 05 de outubro de 2008
P.S.: Não que eu já não acredite na força da Política, mas vivemos tempos tão loucos que o outro já não nos comove, e deixamos de pensar coletivo para pensar apenas no individual... E isso, aos poucos vai matando o outro...
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